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S e ç ã o I

A PREPARAÇÃO DO MESSIAS Mateus 1.1— 4.25

A. A Genealogia de Jesus, 1.1-17

1. Quem foi Jesus (1.1) Como pode ser observado na introdução, Mateus escreveu o seu Evangelho especificamente para os judeus. Portanto, é muito natural que ele devesse começar pela genealogia. Particularmente após o cativeiro na Babilônia, os judeus passaram a dar muita ênfase sobre os devidos registros genealógicos. Isso é realçado na longa lista de gerações nos primeiros nove capítulos do primeiro livro de Crônicas. O livro de Neemias conta como alguns levitas foram retirados do sacerdócio porque não puderam indicar as suas genealogias (Ne 7.63-65). Obviamente, Jesus não poderia ser aceito como o Messias, a não ser que pudesse haver uma comprovação por meio de registros genealógicos de que Ele era o filho de Davi, pois os judeus acreditavam que o seu Messias viria da linhagem real do maior dos reis de Israel, e que nasceria em Belém, a cidade natal de Davi (veja 2.4-6).

í Jesus foi primeiramente identificado como Cristo. Esse termo vem da palavra grega christos, que é o equivalente do hebraico mashiah (Messias). As duas palavras significam “o consagrado” ou “o ungido”. Jesus é o equivalente do hebraico yehoshua (Josué) na sua forma posterior yeshua. A palavra significa “Jeová irá salvar”. Dessa forma, a Pessoa Suprema deste Evangelho de Mateus é identificada como o Salvador-Messias. Mas na época em que foi escrito o Evangelho de Mateus, Jesus Cristo passou a ser usado como um nome próprio.

O Personagem deste livro é identificado em segundo lugar como o Filho de Davi.

Isso quer dizer que Ele era o Herdeiro legítimo do trono de Davi. E esse também era um título messiânico. Como escreveu Vincent Taylor: “Tal como o nome ‘Cristo’, ‘Filho de Davi’ é um título messiânico, que descreve o Messias como uma figura humana, a do Salvador nacional, sob cuja liderança esperava-se que as antigas promessas de Deus a Israel fossem cumpridas”.1 Em terceiro lugar, Jesus é identificado como Filho de Abraão. Isso confirma que

Ele era um verdadeiro judeu. Esse fato é de suma importância porque nenhum gentio seria aceitável para os judeus como um líder religioso. A palavra grega para geração égenesis. Ela significa “origem, linhagem”.2 Arndt e

Gingrich afirmam que: “Aexpressão biblos geneseos em Mateus 1.1 vem do Antigo Testamento: Gênesis 2.4; 5.1; na primeira dessas duas passagens a expressão equivale a história da origem, o que seria um título apropriado para Mateus 1, enquanto na segunda significa genealogia, o que descreve o conteúdo de Mateus 1.1-17”.8 Zahn opina que o primeiro versículo teria a função de ser o título do livro inteiro. Ele fala sobre o autor do Evangelho de Mateus: “Ele deu à sua obra o título de A história de Jesus’ ”? Outros estudiosos consideram que o primeiro versículo representa exclusivamente o título da genealogia (1.2-17).

2. De Abraão até Davi (1.2-6a) A maioria das versões mais recentes (RSV, NEB, NTLH) e traduções particulares

(como, por exemplo, Weymouth, Moffatt, Goodspeed, Verkuyl, Williams) dizem que “Abraão foi pai de Isaque” (que é uma tradução mais atualizada) e assim prossegue

mostrando todo o quadro genealógico. Mas a versão grega diz clara e simplesmente: Abraão gerou a Isaque (2). No primeiro parágrafo da genealogia encontramos os nomes de três mulheres, e

uma quarta é mencionada no versículo 6b. E um fenômeno no mínimo estranho, por assim dizer. E duplamente surpreendente é o caráter dessas quatro mulheres. Duas delas eram gentias - Raabe e Rute (5). Embora as outras duas fossem israelitas, os seus nomes estavam manchados. Tamar era culpada de incesto (Gn 38.13-18) e a mulher de Urias (6) participou do pecado de adultério com Davi (2 Sm 11.2-5). A presença de tais pessoas na genealogia de Jesus ressalta a Sua missão de Salvador, e fornece uma maravilhosa amostra da graça de Deus. Não somente para os judeus aparentemente justos, mas também para os estrangeiros e os pecadores seria oferecida a entrada ao reino dos Céus. E isso que transforma o evangelho em Boas Novas para toda a humanidade. Então Jesus deve também ser verdadeiramente humano, assim como divino, para

ser o Salvador da humanidade. A encarnação significava que Ele tinha que fazer parte da raça humana, o que inevitavelmente envolvia que Ele tivesse tido antepassados pecadores,

3. De Davi até o Cativeiro (1.6&-11) Esse é o período do reino. Seguindo Salomão, são dados os nomes dos reis de Judá,

pelo fato de a dinastia de Davi ter governado o reino do sul. Estranhamente, quatro reis foram omitidos da lista, como mostrará a comparação com os livros de Reis do Antigo Testamento. Acazias, Joás e Amazias foram omitidos depois de Jorão (8), e Jeoaquim foi omitido depois de Josias (11). Aparentemente, o único motivo para isso é que Mateus desejava preservar esse arranjo sistemático da genealogia em três grupos de catorze nomes cada.

4. Do Cativeiro até Cristo (1.12-16) Esse é basicamente o período entre o Antigo e o Novo Testamento. Por isso, os nomes

não são familiares. ! O teor exato do décimo sexto versículo é muito significativo. O autor altera o ativo

gerou para o passivo nasceu (16). Desta maneira ele protege o fato do nascimento virginal, que em breve será descrito. José era o pai adotivo de Jesus, mas não o seu pai físico. Mas Maria era realmente a sua mãe.

! Quanto ao significado da palavra gerou usada neste capítulo, M’Neile diz o seguinte:

“A natureza da genealogia mostra que egennesen por toda parte iridica a origem legal, mas não necessariamente física”, mas que o passivo egennethe, nasceu, “denota o nascimento físico”.5

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5. Resumo da Genealogia (1.17) Por que Mateus usa três enumerações de catorze? (17) Tasker diz: “Chegou a ser

sugerido, com considerável probabilidade, que a importância do número catorze se deve ao fato do valor numérico das consoantes hebraicas na palavra Davi resultar naquele número”.6 Deve ser notado que os três períodos ali assinalados possuem um relevante destaque. O primeiro foi o dos patriarcas e juizes, o segundo o dos reis, e o terceiro o da dominação de gentios (exceto pelo breve período da independência dos Macabeus). Até Cristo é, literalmente, “até o Cristo”. Morison faz a seguinte observação, que é

bastante apropriada: “E assim o evangelista passa do emprego da palavra Cristo como um mero nome próprio ao seu emprego como um apelativo, Até o Messias, significando o preeminentemente Ungido, o mais alto de todos os reis, e o mais sacerdotal de todos os sacerdotes, assim como o mais inspirado e inspirador entre todos que alguma vez foram profetas ou porta-vozes de Deus”.






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