B . O N ascimento de Jesus, 1 .1 8 -2 5 As assim chamadas Narrativas da Infância são encontradas! em Mateus 1.18—
2.23 e em Lucas 1.5—2.52. Os dois relatos são quase totalmente’ diferentes. No entanto, um não contradiz o outro. Plummer comenta: “Os dois relatjos estão em conformidade um com o outro, não apenas quanto ao fato principal do nascimento de uma virgem, mas também quanto ao modo como ele ocorreu - por ter sido realizado pela ação do Espírito Santo”. Ele prossegue enumerando outros quatro pontos de concordância que representam “sinais adicionais de realidade histórica”: 1) Quando a vontade divina foi revelada a José e Maria eles estavam desposados um com o outro; 2) Cristo deveria ser chamado de “Jesus”; 3) Ele nasceu em Belém; 4) Ele foi criado em Nazaré.
A história do nascimento de Jesus é contada com grande beleza e delicadeza. Maria
estava desposada com José (18). Possivelmente “prometida em casamento” ou “noiva” poderiam parecer termos e expressões mais atuais. O verbo grego é empregado apenas aqui e em Lucas 1.27; 2.5 e significa “prometer em casamento, desposar”.9 Amdt e Gingrich dizem que em voz passiva a expressão denota “estar prometida em casamento ou ficar noiva”.10 Mas deve ser lembrado que entre os judeus a quebra de um noivado exigia um divórcio formal. Edersheim diz que o relacionamento de jovens noivos era tão sagrado que “qualquer violação seria considerada um adultério; o compromisso não poderia ser dissolvido exceto, como depois do casamento, pelo divórcio normal”.11 Antes que eles estivessem casados ou tivessem alguma relação conjugal, Maria
achou-se ter concebido do Espírito Santo. Assim Mateus confirma o relato mais completo de Lucas (Lc 1.35). Isso representou um problema sério para José. Por ser um homem justo ou “honrado”, ele não achava que conseguiria prosseguir com os seus planos de casamento. Mas por ser um homem misericordioso, que amava profundamente a Maria, ele a não queria infamar (19), isto é, expô-la à vergonha. Então ele decidiu divorciar-se dela secretamente, ou seja, em particular. Tudo o que precisava era a presença de duas testemunhas. Não se tratava necessariamente de um caso de justiça. Pode parecer estranho que José fosse chamado seu marido. Mas M’Neile explica o
fato assim: “Depois do noivado, mas antes do casamento, o homem era legalmente o ‘marido’ (cf, Gn 29.21; Dt 22.23ss.); conseqüentemente, um cancelamento informal do
noivado era impossível: o homem devia dar à mulher um documento por escrito, e pagar uma multa”.12 Enquanto José estava considerando o seu problema, um anjo (e não o anjo) lhe
apareceu em sonhos. O mensageiro celestial o chamou de José, filho de Davi (20). Foi isso o que deu a Jesus o direito legal ao trono de Davi. José recebeu a garantia de que não precisava temer receber Maria como sua mulher, porque a sua concepção era do Espírito Santo. Assim, a anunciação foi feita a José, e também a Maria. Ela precisava disso para ser poupada da terrível perplexidade sobre a sua condição de grávida. Ele precisava disso para ser poupado do sentimento de que Maria pudesse ter sido infiel. José foi informado de que o Filho que ia nascer deveria ser chamado JESUS (“Jeová
é a salvação”), pois Ele iria salvar o seu povo dos seus pecados (21). A salvação era, em primeiro lugar, para os judeus (seu povo) e a seguir para todo o mundo (cf. Lc 2.32). A missão do nosso Senhor não era predominantemente social, política nem física, mas sim moral e espiritual. Ele veio para “aniquilar o pecado” (Hb 9.26). Ele veio para salvar do pecado, e não no pecado. Para os que foram salvos por meio da Sua graça, o seu Nome conserva um encanto e
uma doçura especiais. Vincent Taylor adequadamente comenta: “De todos os nomes, nenhum é mais precioso aos ouvidos cristãos do que o nome de ‘Jesus’ ”.13 Uma das notáveis características do Evangelho de Mateus, escrito para os judeus, e
a sua freqüente citação do Antigo Testamento. A inspiração divina e a autoridade das Escrituras estão enfatizadas na introdução: Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta (22). Então se segue uma citação de Isaías 7.14,0 nome hebraico Emanuel é interpretado como significando Deus conosco (23).
José obedeceu à ordem do anjo. Ele recebeu Maria em sua casa, como sua esposa.
Mas ele não teve relações conjugais com ela até depois do nascimento da Criança prometida. O significado e a importância da linguagem são bem destacados por Plummer. Ele afirma que o uso do verbo no imperfeito é “contrário à tradição da virgindade perpétua de Maria”; e o uso do aoristo “implica que ela teve filhos com ele posteriormente”; ainda assim “o imperfeito traz esta implicação de maneira ainda mais forte”14. Esta é uma visão bastante razoável sobre o tema. G. Campbell Morgan encontra nesse parágrafo duas palavras proféticas: 1) a esperança - ele será chamado pelo nome de Emanuel (que traduzido é: Deus conosco); e 2) a realização - lhe porás o nome de JESUS, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.
Comentários
Postar um comentário