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F. O Novo L a r n o E g i to , 46.1—47.31 Apesar da notícia de que José estava no Egito, não era fácil para Jacó sair de

Canaã, pois era a Terra Prometida. Mas com a permissão divina, Jacó fez a mudança com todo o seu considerável séqiiito, recebeu acolhimento alegre de José e viu sua família ser instalada em região bem irrigada e produtiva do delta do Nilo. Era a conclusão feliz de uma vida repleta de enganos, aventuras, momentos de tensão, adversidades, tristezas e alegrias e, acima de tudo, uma vida recheada das misericórdias de Deus.

1. Jacó Recebe Permissão para se Mudar (46.1-7) Jacó e sua família habitavam em Hebrom (37.14; ver Mapa 2). Ao saber das espantosas notícias de que José estava vivo e era alto funcionário no Egito, Israel (1, Jacó) partiu imediatamente para o Egito. Enquanto viajava em direção a Berseba, Jacó provavelmente se lembrou de que o avô Abraão teve uma experiência desagradável no Egito (12.10ss.), e que Deus disse a Isaque para não ir ao Egito (26.2). Deve também ter se lembrado de que Deus falou a Abraão que seus descendentes iriam habitar naquele país por certo período (15.13-16). Com pensamentos em ebulição, Jacó adorou, oferecendo sacrifícios ao Deus de

Isaque, seu pai. Embora não haja registro, claro que fez orações por orientação e proteção. A resposta de Deus chegou somente ao anoitecer, mas a palavra foi positiva: Não temas descer ao Egito (3). A mensagem também continha promessas. A família de Jacó se tornaria uma grande nação; Deus faria Jacó tornar a subir (4) e estaria sempre com ele; e José poria a mão sobre os teus olhos, ou seja, estaria presente na hora da morte de Jacó. Jacó levantou-se daquele lugar com todas as dúvidas dirimidas. Este não era outro

Deus, mas o único Deus verdadeiro que apareceu a Isaque, seu pai. No hebraico, o artigo definido ha distingue este Deus que fala de todos os falsos deuses. Tudo e todos ligados a Jacó caminharam em direção ao Egito e logo chegaram na fronteira.

Uma significativa reviravolta de acontecimentos ocorreu na vida do patriarca e de

sua família com o selo da aprovação de Deus. O propósito de Deus era preservar a família do patriarca como unidade, separando-a da putrefação espiritual e da imoralidade e idolatria dos cananeus. Alguns dos filhos mais velhos já tinham sido atingidos por essa putrefação. Os egípcios seriam suficientemente diferentes, de forma que o casamento inter-racial e a idolatria não teriam tão forte atração como em Canaã. Ao mesmo tempo, os descendentes de Jacó estariam associados de perto com as realizações positivas da cultura. Estariam vivendo ao lado das principais rotas comerciais internacionais daqueles tempos.

2. Um Registro dos Filhos de Jacó (46.8-27) Nesta lista, a família de Jacó é separada de acordo com as mães; são somados o

número de filhos, netos e bisnetos. Visto que os filhos de Judá, Er e Onã... morreram na terra de Canaã (12), presume-se que Diná e Jacó, ou uma segunda filha ou nora não mencionada, estejam incluídos no total de trinta e três (15). Uma neta de Jacó e Léia (15) é mencionada com relação a Aser (17), filho de

Zilpa (18), dando a soma total de dezesseis almas nesta linha familiar. Além dos dois filhos de José (20), são designados dez filhos a Benjamim (21), embora ainda fosse jovem. Talvez nascimentos múltiplos fosse característica desta família. A tra dução grega dá a Benjamim três filhos, seis netos e um bisneto, situação improvável para alguém tão moço. Os dois filhos de Bila são alistados como tendo cinco filhos. O total de todos os

registrados aqui é de 70 pessoas, mas a verdadeira soma é de 66 menos Jacó, José e seus dois filhos. Não são contadas as esposas de nenhum dos homens, e só uma filha e uma neta são claramente incluídas no total. A referência em Atos 7.14 à mudança de Jacó para o Egito menciona 75 pessoas; segue a tradução grega, que inclui mais cinco descendentes de José pelos filhos dele.

3. O Dramático Encontro entre Pai e Filho (46.28-34) Jacó enviou à frente Judá (28), o novo líder dos irmãos, para acertar os detalhes da

acomodação no Egito e combinar a melhor ocasião possível para a reunião de pai e filho. Sendo alto funcionário, José tinha acesso aos melhores meios de transporte do

Egito, um carro (29), com qual logo alcançou seu pai. Eles se abraçaram e choraram por longo tempo. Depois do abraço, o idoso Israel (30, Jacó) estava pronto para morrer, como se a meta de toda sua vida tivesse sido atingida. O filho que estava perdido foi achado. José voltou a atenção à grande necessidade imediata diante de si: obter a aprovação formal de Gósen (34) como região do Egito na qual a família de Jacó residiria. Por ter conhecimento profundo dos procedimentos governamentais do Egito, José deu instruções detalhadas relativas a como abordar Faraó (33). A situação era delicada, porque os egípcios (34) consideravam os pastores de baixa posição social, e devia estar claro que a visita deles seria temporária. Os registros egípcios revelam que esta não foi a primeira vez que povos de Canaã tinham migrado para o Egito em anos de escassez. Provavelmente nenhum outro grupo teve tão alta representação diante de Faraó como a família de Jacó.

4. A Permissão para Residência Temporária (47.1-6) Em termos atuais, pode-se dizer que José deu vistos de entrada para a família de

Jacó. Mas a permissão para a residência temporária de alguns anos tinha de vir do próprio Faraó (1). Sabedor dos procedimentos egípcios, o próprio José cuidou da maneira mais apropriada de abordar Faraó. Os cinco irmãos selecionados (2) fizeram o apelo que José os instruiu a fazer. Ressaltaram o fato da terrível necessidade que os motivou a se mudar para o Egito (4). Faraó ficou impressionado e, felizmente, deu permissão para habitarem na terra

de Gósen. Faraó também fez um pedido inesperado. A família de Jacó recebeu a oferta de empregos privilegiados na economia egípcia: “Se sabes haver entre eles homens capazes, põe-nos por chefes do gado que me pertence” (6, ARA).

5. O Homem de Deus se Encontra com Faraó (47.7-12) O próximo passo era apresentar Jacó a Faraó (7), ocasião repleta de contrastes

interessantes. O povo considerava Faraó um ser divino, o filho do sol e regente sobre uma nação politeísta.9 Jacó já havia tido vários encontros pessoais com o único Deus verdadeiro e estava em relação de concerto com Ele. Neste momento, Faraó tinha o poder de receber ou rejeitar Jacó, mas Jacó tinha a promessa do verdadeiro Deus de que Ele levaria os israelitas de volta para Canaã, e não haveria Faraó que impedisse isso. O povo esperava que Faraó tivesse poder sobre todos os aspectos da vida do Egito. Mas foi José, filho de Jacó, que de fato governou o país durante o período de crise. Com o decorrer do tempo, a linhagem faraônica acabou, mas os descendentes de Jacó e sua crença religiosa ainda estão em vigor hoje. Faraó notou que Jacó era idoso, cuja idade estava muito acima da expectativa de

vida do egípcio comum. Quando perguntado: Quantos são os dias dos anos de tua vida? (8), Jacó revelou sua idade, mas não se vangloriou. Homens de vida longa têm suas recordações de tragédia. Mesmo cento e trinta anos (9) eram poucos comparados com a idade dos antepassados de Jacó. Este era outro contraste entre o homem-deus de vida curta e a longevidade de um homem de Deus. Quando entrou e quando saiu da presença de Faraó, Jacó o abençoou (7,10). O

texto de Hebreus 7.7 declara que, “sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior”. Sob o cuidado atento de José, a família de Jacó prosperou. Todas as coisas necessárias lhes foram providenciadas. A terra de Ramessés (11) aludia a Gósen e era um título comum na ocasião em que o Pentateuco foi escrito.

6. O Programa de Prosperidade de José (47.13-26) A seca, que no Egito (13) era a falta da inundação do rio Nilo em seus movimentos

regulares de verão, continuou deixando as pessoas sem colheita. O plano de armazenamento de grãos implementado por José mostrou-se inestimável. Mas a porção de mantimentos não era dada de graça. Os alimentos tinham de ser comprados com qualquer coisa que o povo tivesse. Não se conheciam moedas ou cédulas nos dias de José, assim o dinheiro (14) que as pessoas levavam era provavelmente metais preciosos e jóias. Quando estes produtos acabaram, o governo recebia gado (16), em seguida terras de particulares e, por último, as pessoas se tornaram escravas em troca de pão (19).

Teoricamente, toda a terra, gado e as pessoas pertenceram a Faraó, e em certos

períodos da história do Egito esta era a verdadeira situação. Mas ocorreram períodos de fraqueza no poder quando as propriedades e empreendimentos particulares governavam. A fome era um meio pelo qual se restabelecia o antigo absolutismo. Houve somente uma exceção. A terra dos sacerdotes (22) não pôde ser tocada pela classe governante. Para amenizar o sofrimento do povo (23), José lhes deu sementes com a condição de

que um quinto da produção seria paga ao governo. Esta cifra é muito menor que os 50% ou mais que os meeiros têm de pagar, e é imposto mais baixo que muitos cidadãos pagam em países civilizados de hoje.

7. O Voto de José para seu Pai (47.27-31) Durante dezessete anos (28) o patriarca morou no Egito, vendo sua família prosperar na terra de Gósen (27). Sentindo o fim se aproximar, chamou a José (29). Israel queria assegurar-se que seus restos mortais seriam colocados na cova de Macpela. Usando termos comuns à linguagem de concerto, como graça e usa comigo de beneficência e verdade, ele pediu solenemente que José jurasse que o enterraria em Canaã conforme as promessas de Deus registradas em 28.13-15 e em 35.11,12. Quando José fez o voto, agiu segundo o costume (ver 24.2) pondo a mão debaixo da coxa de Jacó. Era sublime momento de fé para Jacó e, assim que José se comprometeu, o patriarca agonizante adorou. O versículo 31 declara que Israel inclinou-se sobre a cabeceira da cama (31). Em Hebreus 11.21, seguindo a Septuaginta, lemos: “Jacó [...] adorou encostado à ponta do seu bordão”. No idioma hebraico, a diferença é mittah, “cama”, e matteh, “bordão”. Levando em conta que os manuscritos hebraicos só tinham consoantes, a diferença surge de duas tradições distintas de pronúncia.






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