B . O Custo do D iscipulado, 8 .1 8 -2 2 Jesus era um trabalhador vigoroso. Mas apesar disso percebeu que Ele e os seus
discípulos precisavam às vezes afastar-se da grande multidão (18) que constantemente se aglomerava em volta dele. Então, Ele ordenou que fizessem a travessia para a outra margem - a margem leste do lago da Galiléia, onde poderiam ter um período tranqüilo para descanso e isolamento. Um escriba (19) ansioso - um professor da Lei - aproximou-se de Jesus com uma
oferta que soou como uma completa consagração: Mestre, aonde quer que fores, eu te seguirei. Mas Cristo pôs à prova este possível discípulo, lembrando-o de que as raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça (20). Em outras palavras, Ele disse: “Pense no custo dessa decisão”. Esta é a primeira vez, no texto de Mateus, que aparece o título Filho do Homem.
Ele é usado oitenta e três vezes nos Evangelhos - sempre saindo dos lábios de Jesus e sempre se aplicando a Ele mesmo. Exceto nos Evangelhos, ele só aparece no Novo Testamento - com o artigo definido “o Filho do Homem” - em Atos 7.56. Já houve uma considerável discussão sobre o significado desta expressão. Vincent
Taylor escreve: “Já se afirmou que bar nasha não pode querer dizer nada além de ‘um homem’ ou ‘homem’ em geral; mas agora se reconhece amplamente que o termo pode carregar o sentido de ‘o Homem’, e desta maneira poderia ser usado como um nome para o Messias”.7 Manson encontra uma correlação íntima entre Filho de Deus, Servo do Senhor (em Isaías) e Filho do Homem. Ele diz: “... funções a princípio atribuídas pelos profetas ao príncipe da linhagem de Davi e que nos Salmos reaparecem em uma forma transfigurada ou infiltrada de sofrimento na pessoa do Servo, e finalmente investida de todas as características de glória e esplendor apocalípticos na figura do sobrenatural Filho do Homem”.8 Este último uso se encontra em Daniel 7.13. Um outro discípulo de Jesus lhe disse: Senhor, permite-me que, primeiramente, vá sepultar meu pai (21). A resposta do Mestre parece áspera: Segue-me e deixa aos mortos sepultar os seus mortos (22). Mas não devemos supor que o pai já estivesse morto e que Jesus estivesse tentando evitar a ida do discípulo ao sepultamento. A exigência na Palestina era que o corpo fosse sepultado no mesmo dia da morte. Provavelmente o pai desse discípulo ainda viveria por alguns anos. Mas, sendo o filho mais velho (aqui implícito), era sua responsabilidade cuidar para que quando o seu pai morresse, tivesse um sepultamento adequado. Jesus lhe informou que havia coisas mais importantes para fazer. Aqueles que estavam espiritualmente mortos poderiam sepultar aqueles que passassem a estar fisicamente mortos. Esta passagem só tem um paralelo em Lucas 9.57-62. Ali, um terceiro indivíduo é
quem se oferece para seguir a Cristo. Mas antes ele quer se despedir dos que estão em casa. Isto poderia significar dias de festas e de visitas a todos os seus parentes. Jesus o advertiu do perigo de “olhar para trás”. Bonhoeffer expressou bem o principal impulso desta seção. Ele diz: “Jesus convoca
os homens para segui-lo, não como um professor ou como um padrão de uma vida de caridade, mas como o Cristo, o Filho de Deus... Quando somos convocados para seguir a Cristo, somos convocados para uma ligação exclusiva com a sua pessoa”.
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