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D. M iser icórd ia , Não S acr ifíc io , 9.9-17

1. A convocação de Mateus (9.9) Quando Jesus estava saindo de Cafarnaum, Ele viu um homem chamado Mateus “Levi” em Marcos 2.14 e Lucas 5.27 - sentado na alfândega. Isso pode sugerir uma alfândega perto do cais da cidade, onde os peixes eram examinados e os impostos sobre eles eram coletados. Outra possível tradução é o lugar onde os impostos eram pagos (ASY), e poderia se tratar de uma praça de pedágio na grande estrada entre Damasco e o Egito, onde as caravanas eram obrigadas a pagar o pedágio sobre os bens que levavam. Provavelmente a melhor tradução será “coletoria”. Os romanos exigiam que os judeus pagassem impostos por cada árvore frutífera, cada poço, cada pedaço de terra e cada animal que eles possuíssem. Essa taxação parecia opressiva e o fato de ser imposta por estrangeiros era particularmente ofensivo. Para esse coletor de impostos Jesus disse apenas: Segue-me. Mateus imediatamente, levantando-se, o seguiu. Este foi um grande passo para Mateus. Bonhoeffer comenta: “O discípulo é arrastado da sua relativa segurança para uma vida de completa insegurança (ou seja, na verdade, para a completa segurança da companhia de Jesus)”.13

2. Comendo com os Publicanos e Pecadores (9.10-13) Quando Jesus estava sentado à mesa (literalmente, “reclinado à mesa”) em casa

- Lucas 5.29 a identifica como sendo a casa de Levi (Mateus) - muitos publicanos e pecadores sentaram-se juntamente com Jesus e seus discípulos (10). Uma boa tradução para publicanos é “coletores de impostos”. Os publicani eram os homens ricos, normalmente romanos, que eram responsáveis pelos impostos de regiões inteiras. Os assim chamados publicanos dos Evangelhos eram os coletores de impostos locais judeus que eram odiados pelos seus compatriotas. Eles eram considerados “de dupla face” e “desprezíveis” porque “tinham vendido os seus serviços para o opressor estrangeiro contra o seu próprio povo, e estavam literalmente envolvidos em um roubo”.14 Os pecadores eram aqueles que assim eram considerados pelos fariseus, porque

não eram cuidadosos na observância das muitas exigências cerimoniais da lei escrita e oral. Um judeu sério não comeria com os publicanos nem com os pecadores. Então os fariseus reclamaram aos discípulos (11). Aparentemente, temiam atacar

a Jesus diretamente. Mas o Mestre tinha uma resposta para eles: Não necessitam de médico os sãos, mas sim, os doentes (12). Isto expressa um fato perfeitamente óbvio e explica por que os fariseus desprezavam Jesus. Eles pensavam que eram sãos. O Mestre então cita Oséias 6.6 - Misericórdia quero e não sacrifício (13). Uma das idéias dominantes dos Profetas Menores é a exigência da justiça, mais que o ritualismo. Isto é o que esta declaração do Antigo Testamento significa. Ela continua válida hoje em dia. Nenhuma quantidade de sacrifícios de animais - nem ritualismo ou retidão exterior compensa a falta de amor e de misericórdia na vida de uma pessoa. Jesus não veio para convocar aqueles que se consideravam justos, mas aqueles que tinham necessidades aqueles que eram pecadores desprezados.

3. A Questão do Jejum (9.14-17) Marcos (2.18) torna este episódio mais vívido apresentando o contexto da situação: “Os discípulos de João e os fariseus jejuavam” (ASV). Isto é, na verdade, era um dia de jejum, e estes dois grupos de judeus rigorosos estavam respeitando a ocasião. Eles ficaram chocados ao ver que os discípulos de Jesus estavam comendo em um dia de jejum. Então fizeram perguntas a esse respeito. A expressão muitas vezes (14) não aparece nos manuscritos gregos mais antigos. Deixando-a de fora, a pergunta em Mateus é basicamente a mesma em Marcos: “Por que jejuamos nós, e os fariseus... e os teus discípulos não jejuam?” Jesus respondeu usando a imagem de um casamento. Os filhos das bodas (15)

significa os amigos do noivo. Eles não podem andar tristes - o jejum é, de alguma maneira, um símbolo de tristeza - enquanto o noivo está com eles. Mas Jesus indicou que chegaria uma época em que Ele seria levado, e então os seus discípulos iriam jejuar. Para ilustrar o contraste entre o Antigo e o Novo, Jesus mencionou duas parábolas

curtas. A primeira foi aquela que tratava de fazer um remendo novo em uma roupa velha (16). Quando a roupa fosse lavada, o remendo novo iria encolher e esticar as extremidades da roupa previamente encolhida. Isto faria com que a roupa se rasgasse. O segundo exemplo foi o de colocar vinho novo em odres velhos (17). Eles não tinham

garrafas de vidro naquela época. Ao invés disso, usavam bolsas feitas de peles de cabra. A carcaça era removida e a pele era costurada, exceto pelo pescoço. Ainda se pode ver pessoas na Palestina enchendo bolsas de peles de cabra com água em fontes. Se o vinho novo for colocado em uma pele “nova” ou “fresca”, a pele irá esticar devido

à fermentação e à expansão do vinho. Mas se o vinho novo for colocado nas peles velhas, quebradiças e já esticadas, será um desastre. As peles secas e esticadas não têm capacidade para esticar mais pela atuação da fermentação do vinho novo. Ao invés disso, elas irão arrebentar em algum ponto, e tanto o vinho quanto a pele se perderão. A aplicação é clara. As novas verdades do cristianismo não devem ser aplicadas às

antigas formas do judaísmo. Os primeiros capítulos do livro de Atos dão uma idéia das dificuldades envolvidas na substituição das peles antigas pelas novas. As instituições entrincheiradas podem rachar e serão incapazes de guardar as novas verdades. Os três episódios desta seção (9.9-17) são encontrados nos três Evangelhos Sinóticos (veja Marcos 2.13-22; Lucas 5.27-39).





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