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Seção X Quinto Discurso:

O SERMÃO PROFÉTICO DO MONTE DAS OLIVEIRAS Mateus 24.1—25.46

A . O Final dos Tempos, 2 4 .1 -5 1 O Sermão Profético do Monte das Oliveiras é o único discurso longo registrado nos

três Evangelhos Sinóticos (cf. Mc 13.1-37; Lc 21.5-36). É significativo que ele trate da Segunda Vinda e do final dos tempos. Em lugar deste sermão, o Evangelho de João apresenta o último sermão de Jesus no cenáculo. O assunto do sermão é o Espírito Santo, que torna a presença de Cristo real para nós hoje. Tem havido muita discussão e desacordo sobre a interpretação deste vigésimo quarto capítulo. Alguns pensam que o capítulo todo se refere à destruição de Jerusalém, em 70 d. C. Outros pensam que o capítulo todo se refere ao fim dos tempos. É provável que esses dois pontos de vista estejam errados. Parece haver uma considerável sobreposição de material, e algumas predições podem, aparentemente, ser aplicadas a ambos os períodos. Crisóstomo e alguns outros patriarcas da igreja primitiva afirmavam que a partir do versículo 22, tudo está relacionado com a queda de Jerusalém.1 Isto é mais aceitável do que aplicar o capítulo inteiro à queda de Jerusalém ou ao final dos tempos. Portanto, essa divisão precisa é, provavelmente, bastante coerente.

1. As Perguntas dos Discípulos (24.1-3) Pela última vez, até onde mostram os registros, Jesus saiu do templo (1). Ali, Ele

tinha sido rejeitado pelos líderes da nação judaica. Agora essa casa seria deixada à decadência e, em breve, seria destruída. 

Os discípulos estavam ansiosos para mostrar ao Senhor a estrutura do templo.

Josefo indica que o santuário tinha 45 metros de comprimento, e 45 metros de altura.2 Herodes, o Grande, reconstruiu o antigo templo de 516 a.C., tendo iniciado a obra no décimo oitavo ano do seu reinado (20/19 a.C.). Ele queria fazê-lo tão grandioso e glorioso quanto o magnífico edifício de Salomão. A obra ainda estava em andamento durante o ministério de Jesus (Jo 2.20), e acredita-se que o edifício poderia estar inacabado quando foi destruído em 70 d.C.3 Para assombro e surpresa dos discípulos, o Mestre informou: Não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada (2). O cumprimento literal desta predição em 70 d.C. é confirmado por Josefo, que foi uma testemunha ocular do acontecimento. A área do Templo estava ao lado da muralha leste de Jerusalém, e ele diz que tudo, exceto a muralha oeste da cidade “foi tão completamente derrubado ao nível do solo por aqueles que a golpearam até os seus alicerces, que não sobrou nada para que alguém que viesse a essa área pudesse acreditar que ela já tivesse sido habitada”.4 Enquanto Jesus estava sentado no monte das Oliveiras, que permite visualizar a

área do Templo, os discípulos lhe fizeram uma pergunta tríplice: Dize-nos quando serão essas coisas e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo? (3). Aqui o texto é muito mais específico do que nas passagens correspondentes em Marcos e em Lucas. Mas é difícil separar as respostas para essas perguntas. Definitivamente, elas não parecem ser respondidas em seqüência. A última palavra da pergunta dos discípulos, mundo, significa literalmente “era”

(aion). Vinda é parousia, “presença” (literalmente, “estar ao lado”). Ela é traduzida como “presença” em 2 Coríntios 10.10 e em Filipenses 2.12, onde o sentido literal se aplica. Também é usada para falar da “vinda de Estéfanas” (1 Co 16.17), da vinda de Tito (2 Co 7.6-7) e da vinda de Paulo (Fp 1.26). Ao longo de todo o restante do Novo Testamento, ela é usada com referência à segunda vinda de Cristo (dezoito vezes). Quatro das ocorrências estão neste capítulo (3, 27, 37, 39). Ela não é encontrada nos outros três Evangelhos, nem em Atos, nem no Apocalipse. Deissmann escreve a este respeito: “Desde o período de Ptolomeu até o século II d.C., conseguimos rastrear esta palavra, no Oriente, como uma expressão técnica usada para a chegada ou a visita do rei ou do imperador”.6 Arndt e Gingrich afirmam que ela é usada em relação a “Cristo, e quase sempre como uma menção do seu Advento Messiânico em glória para julgar o mundo no final desta era”.6

2. Os Sinais do Fim (24.4-14) Jesus parece responder, em primeiro lugar, a última pergunta. Nesta seção são dados nada menos que dez sinais do final desta era. O primeiro é o surgimento dos falsos messias (5): muitos virão, dizendo: Eu sou o Cristo (isto é, “o Messias”). O segundo sinal é a informação de guerras e de rumores de guerras (6). Praticamente todas as gerações têm sofrido este mal. Porém isso vai piorar ainda mais durante o período mais próximo do final dos tempos. Jesus disse: ainda não é o fim; isto é, o fim se aproxima, mas ainda não é agora. O terceiro sinal é fomes, o quarto é pestes - estes dois caminham, freqüentemente,

juntos - e o quinto é terremotos (7). Todas essas coisas, disse Jesus, são o princípio das dores (8). A última palavra quer dizer, literalmente, “pontadas do parto” (cf. 1 Ts 5.3, e pode ser traduzida como “dores de parto”, vindo sobre “aquela que está grávida”). Os problemas enumerados aqui serão característicos do período precedente à era messiânica, em sua manifestação final no milênio. O sexto sinal é a perseguição. Os seguidores de Cristo serão entregues para serem

atormentados (8) - literalmente “atribulados”. O substantivo thlipsis vem do verbo thlibo, “pressionar”. Aristóteles o utilizou em seu sentido literal: “pressão”. Na Septuaginta e no Novo Testamento ele é usado metaforicamente para “tribulação”. Este termo vem do latim tribulum, um mangual (um tipo de chicote) usado para separar os grãos das cascas. O verbo em grego era usado para descrever a extração do suco das uvas. Estas duas idéias transmitem o sentido de “tribulação” ou “aflição”7. O termo descreve vividamente a pressão da constante perseguição. O sétimo sinal, intimamente relacionado, é que muitos serão escandalizados

(skandalizo), e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se aborrecerão (10). O oitavo sinal é o surgimento de falsos profetas, que enganarão a muitos (11). Não se pode deixar de mencionar a multiplicidade de falsas seitas nos últimos anos. O nono sinal (somente no texto de Mateus) é a falta de amor: por se multiplicar a iniqüidade (literalmente “ilegalidade”), o amor de muitos se esfriará (12). No Novo Testamento, o último verbo só é encontrado aqui. Esta é uma advertência solene e muito pertinente nestes nossos tempos de ilegalidade. É interessante observar que o substantivo agape (amor) no texto de Mateus só aparece aqui, não aparece nenhuma vez em Marcos, e ocorre apenas uma vez em Lucas (11.42), embora o verbo agapao seja encontrado muitas vezes nos três Evangelhos. A maior utilização do substantivo agape é nas epístolas. Para os perseguidos, é feita uma promessa: Mas aquele que perseverar até ao

fim será salvo (13). Marcos (13.136) tem as mesmas palavras. Lucas 21.19 diz: “Na vossa paciência, possuí a vossa alma”. Mas o substantivo “paciência” aqui tem a mesma raiz de perseverar. Além disso, “possuir” significa “ganhar” ou “adquirir”. Assim, a frase de Lucas tem o mesmo significado da frase de Marcos, ou da de Mateus. O décimo sinal (somente no texto de Mateus) é a evangelização do mundo (14). Este

evangelho do Reino - sinônimo de “evangelho de Jesus Cristo” (Mc 1.1) - será pregado (“anunciado”, “proclamado”) em todo o mundo (oikoumene, “a terra habitada”) em testemunho a todas as gentes, e então virá o fim. A palavra oikoumene foi usada primeiramente no mundo grego (por exemplo, por Demóstenes), mais tarde no Império Romano, e finalmente no mundo inteiro. Uma vez que, provavelmente, todas as gentes, no sentido geral da expressão, ouviram o Evangelho pelo menos em parte - e os meios de comunicação estão acelerando esse processo nos dias atuais - parece que ninguém poderia negar a possibilidade de que este sinal já tenha sido totalmente cumprido. O fim dos tempos pode chegar a qualquer momento.

3. A Abominação da Desolação (24.15-22) Esta expressão significa “a abominação desoladora” (cf. Dn 11.31; 12.11). Árndt e

Gingrich a definem como “aquela coisa detestável que causa a desolação do santuário”.8 Ela é identificada como sendo a de que falou o profeta Daniel (15). Encontrada

três vezes em Daniel (9.27; 11.31; 12.11), também ocorre em 1 Macabeus 1:54 - onde aparentemente é usada para o altar de Zeus erigido sobre o altar sagrado do Templo em 168 a.C. Daniel parece se referir ao mesmo episódio. Aqui existe uma referência dupla: ao ano 70 d.C. e ao fim dos tempos. A frase só aparece outra vez no Novo Testamento na passagem paralela de Marcos

(13.14) - “abominação do assolamento”. Lucas substitui esta expressão enigmática e apocalíptica por uma afirmação simples para os seus leitores gentios (21.20) - “quando virdes Jerusalém cercada de exércitos”. A abominação poderia então se referir às águias romanas nas bandeiras dos soldados que cercavam Jerusalém. Em Daniel 9.27 lê-se: “Sobre a asa das abominações virá o assolador”. O massacre dos judeus pelos zelotes durante o cerco pode ser outra aplicação, uma vez que eles profanaram o templo. Como os três Evangelhos prosseguem aconselhando a fuga para os montes, parece que todos eles se referem ao mesmo acontecimento. Mas isso não exclui, também, uma aplicação ao estabelecimento de uma imagem do Anticristo em Jerusalém no final desta era (Ap 13.14). Eusébio nos conta como foi obedecida a ordem para que os que estavam na Judéia

fugissem para os montes (16). Ele escreve: “No entanto, todo o corpo da igreja em Jerusalém tinha recebido uma ordem por uma revelação divina, dada antes da guerra aos homens de comprovada piedade, e saíram da cidade e viveram em uma cidade além do Jordão, chamada Pella”.9 A. B. Bruce pensa que esta fuga deve ter ocorrido antes do início do cerco.10 Mas pode ser que essas condições tenham sido temporariamente relaxadas quando Vespasiano foi chamado a Roma como imperador em 69 d.C., sendo sucedido por seu filho Tito no comando do exército romano que cercava Jerusalém. A fuga deveria ser tão urgente que um homem que estivesse sobre o telhado não

deveria descer até a casa para tirar nada, mas sim fugir pela escada exterior (17). E quem estivesse no campo não deveria voltar atrás a buscar as suas vestes (18). A fuga repentina seria particularmente difícil para as grávidas e para aquelas que estivessem amamentando (19). No inverno faria muito frio à noite e o rio Jordão - que eles deveriam cruzar - estaria cheio pelas chuvas de inverno (20). Para os seus leitores judeus, Mateus acrescenta o que seria insignificante no texto de Marcos: nem no sábado. Os judeus mais rigorosos não viajariam mais do que um quilômetro e meio no sábado; conseqüentemente, poderiam ser capturados pelo inimigo. Jesus predisse que nessa ocasião haveria grande aflição, como nunca houve

desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco haverá jamais (21). Marcos usa quase as mesmas palavras. Aflição é thlipsis (veja o comentário sobre o versículo 9). Swete sugere: “O termo Thlipsis é usado aqui quase no seu sentido literal para a opressão diária do cerco”.11 Sempre se objetou que as palavras desse versículo são fortes demais, e por isso não poderiam ser aplicadas ao ano 70 d.C. Mas Josefo escreve: “Penso que os infortúnios de todos os homens, desde o princípio do mundo, se comparados ao infortúnio dos judeus, não são tão importantes”.12 Carr assim resume a situação:

Não há palavras que possam descrever os incomparáveis horrores desse cerco.

Era a época da Páscoa, e os judeus de todas as partes estavam comprimidos dentro das muralhas. Três facções, inimigas entre si, estavam cravadas em Sião e no monte do Templo... o pátio do Templo estava inundado com o sangue da discórdia civil, que literalmente se misturava com o sangue dos sacrifícios.

Josefo afirma que mais de um milhão de judeus morreram nessa catástrofe, e que

aproximadamente cem mil foram vendidos como escravos.14 Parece que a melhor maneira de interpretar o versículo 21 é permitir a aplicação dupla - à queda de Jerusalém em 70 d.C., e também à “grande tribulação” do final desta era. Abreviar aqueles dias (22) se refere ao cerco final de Jerusalém, que surpreendentemente durou menos de cinco meses (de abril a setembro de 70 d.C.). Isto aconteceu por causa dos escolhidos - para que os judeus cristãos da Judéia não fossem, em sua totalidade, eliminados em uma guerra que visava o extermínio dos judeus. A frase por causa dos escolhidos também poderia significar “por causa das orações dos cristãos em Pella, orações pelos judeus que eles tinham deixado para trás”. Morison expressa meia dúzia de fatores que levaram à redução do período de

cerco. A atenção de Vespasiano se voltava cada vez mais para Roma, onde ele estava prestes a se tornar imperador. As revoltas na fronteira norte do império exigiam atenção. Tito, que foi deixado no comando quando Vespasiano foi para Roma, era naturalmente generoso. Ele gostava muito de Josefo, assim como da irmã de Agripa, Berenice (cf. At 25.23). Tito estava ansioso para ir a Roma, para participar da cerimônia de investidura de seu pai. Adicionalmente, o julgamento divino caía sobre os judeus desobedientes, sob a forma de facções assassinas na cidade. Isto levou o cerco a um final mais rápido.

4. A Vinda do Filho do Homem (24.23-28) Mais uma vez é feita a previsão de que surgirão falsos cristos (messias) e falsos

profetas (24) que farão tão grandes sinais e prodígios (cf. Dt 13.1-3), que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. Carr sugere que a última parte deste versículo deveria ser traduzida como: “com o objetivo de enganar, se possível (ei dynaton), ou seja, através de todos os meios possíveis, até mesmo os escolhidos”.15 Mas Cristo advertiu os seus discípulos (25) de que eles não deveriam seguir nenhum falso líder que estivesse no deserto nem escondido no interior da casa (26). A obra de Deus é honesta e pode ser realizada onde todos possam vê-la. A vinda (parousia) do Filho do Homem ocorrerá repentinamente, sem prévio aviso,

como o relâmpago (27). Mas a linguagem aqui também implica que ela será visível, como o relâmpago, de um lado a outro no horizonte. A imagem implica claramente que haverá conhecimento, em todas as partes do mundo, da segunda vinda de Cristo. Pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão as águias (28) é uma afirmação

que tem sido enigmática para os intérpretes desde os primeiros dias da igreja. Devido à complexidade da situação, podemos apenas resumir alguns pontos de vista, sem fornecer as referências. Crisóstomo afirma que as águias eram os “anjos, mártires e santos”. Jerônimo concorda, mas explica que o termo cadáver está relacionado com a morte de

Cristo. Calvino fala de crentes que caminham juntos, amontoando-se como um rebanho “junto ao Autor da vida, que é o único que pode verdadeiramente alimentá-los”. Erasmo, Zwinglio e Beza sustentam, em grande parte, o mesmo ponto de vista. Trapp representa os puritanos quando parece endossar a seguinte visão, um tanto incipiente: “O corpo sacrifical de Cristo tinha um suave aroma que convidava os santos (como aves predadoras) a voar a grandes distâncias com uma maravilhosa rapidez. Eles se dirigiam ao seu corpo que, embora morto, era a fonte da vida”.

Por outro lado, Adam Clarke acompanhou Whitby ao interpretar o cadáver como

uma referência aos judeus, e as águias como uma referência aos exércitos romanos, que tinham a águia como insígnia. John Wesley diz que a nação judaica “já se encontrava perante Deus como uma carcaça, um corpo morto que as águias romanas iriam devorar”.17 E difícil encaixar este versículo no seu contexto imediato. Mas a ênfase geral do capítulo está no julgamento divino, e parece ser melhor interpretar esta passagem em particular - talvez um provérbio de uso comum18 - em termos de um contexto mais amplo. Lange diz: “A imagem fornece uma expressão forte e profunda da necessidade, da inevitabilidade e da universalidade do julgamento”.19 A seguir, ele apresenta a seguinte interpretação, bem abrangente e convincente, com base em uma exegese saudável e confiável:

Na destruição de Jerusalém, o julgamento irá começar com a aparição das

grandes águias que se alimentam de cadáveres (está incluída uma clara alusão às águias romanas). A partir daí terá início o novo período... por fim, o juízo se estenderá a todo o mundo moralmente corrupto e espiritualmente morto.20

5. O Sinal do Filho do Homem (24.29-31) Somente Mateus apresenta a pergunta dos discípulos: “Que sinal haverá da tua

vinda?” (3), e por isso ele é o único que fornece uma resposta direta aqui. O versículo 29 é uma reminiscência de Joel 2.31; 3.15. A linguagem é definitivamente apocalíptica e muito vívida. Mas nesta era de poder atômico poderia ocorrer um cumprimento natural e físico maior do que qualquer visão já tida. O que quer dizer o sinal do Filho do Homem (30)? Não se pode dar nenhuma

resposta categórica. Isso pode querer dizer algum sinal visível antes da segunda vinda. Ou poderia se referir ao “Próprio Filho do Homem, como o sinal - o sinal de que a consumação dos tempos chegou; nesse caso pode haver uma referência direta a Daniel 7.13: ‘... vinha nas nuvens do céu um como o filho do homem’ ’T A referência ao fato de que as tribos da terra se lamentarão se baseia em Zacarias 12.12. Aúltima parte do versículo reflete Daniel 7.13. A combinação dessas duas Escrituras é novamente encontrada em Apocalipse 1.7. O som de uma trombeta lembra Isaías 27.13. O Filho do Homem reunirá o seu povo escolhido desde os quatro ventos (de todas as direções) e de uma à outra extremidade dos céus (31) - “de horizonte a horizonte”.

6. A Parábola da Figueira (24.32-35) Esta parábola se encontra nos três Evangelhos Sinóticos (cf. Mc 13.28-31; Lc 21.2933). Normalmente se considera que a figueira representa Israel. O seu avivamento anuncia o verão. Lucas acrescenta “todas as árvores”, o que pode refletir o seu interesse tanto pelos gentios quanto pelos judeus. Mas esses aspectos alegóricos e especiais não devem ser enfatizados.... ele está próximo, às portas (33) deve ser entendido como “O Senhor está próximo”. A afirmação solene do versículo 34 - Em verdade vos digo que não passará esta

geração sem que todas essas coisas aconteçam - é outra passagem difícil. O que significa todas essas coisas? Será que é uma referência à destruição de Jerusalém em 70 d.C., ou uma frase que inclui a Segunda Vinda? Supondo que a segunda opção seja a correta, qual é o significado desse versículo?

Geração égenea. Esta palavra inicialmente significava “família, descendência, raça”.

Algumas vezes se refere a “nação”. O sentido primário nos Evangelhos é comentado por Arndt e Gingrich da seguinte maneira: “Basicamente, a soma de todos aqueles que nasceram na mesma época, expandida para incluir aqueles que estavam vivos na mesma época. Geração, contemporâneos”.22 Se tomarmos a palavra com esse sentido exclusivo, a referência só pode ser aos

eventos de 70 d.C., na Judéia. Os primeiros patriarcas da igreja preferiram ampliar o conceito. Crisóstomo e Orígenes disseram que ela representa aquela geração de fiéis. Jerônimo sugeriu que o significado era o da raça judaica ou da raça dos homens. Mas a maioria dos comentaristas modernos defende que a palavra deveria ser interpretada no seu sentido natural e mais limitado. A única maneira de relacioná-la com a Segunda Vinda é dizer que a geração que testemunhar o começo do cumprimento definitivo dos sinais, verá o final dos tempos. Embora um pouco nebulosa, esta interpretação não deve ser descartada de forma negligente. O céu (35) não significa a residência de Deus, mas sim o céu azul sobre a terra. A

combinação o céu e a terra provavelmente represente toda a criação material. Tudo o que é material passará, mas a Palavra de Deus jamais passará. O texto grego apresenta uma negação dupla {ou me) que dá mais força - “de maneira alguma” ou “nunca”.

7. A Segunda Vinda Como um Evento Repentino (24.36-51) a) “Daquele Dia e hora ninguém sabe” (24.36-44). Jesus afirmou que ninguém sabe a

hora da sua vinda, nem os anjos dos céus, “nem o Filho”,23 mas unicamente meu Pai (36). Aqueles que fixam datas para a Segunda Vinda estão definitivamente ignorando as Escrituras. A época que precederá a vinda de Cristo se assemelhará aos dias de Noé (37). As

pessoas estavam levando vidas normais e seculares, ignorando a Deus (38). Mas de repente o dilúvio (em grego, kataklysmos, “cataclisma”) os levou a todos (39). Assim, disse Jesus, será também a vinda do Filho do Homem (uma frase encontrada pela terceira e última vez neste capítulo). A raça humana se divide, basicamente, em dois grupos - aqueles que vigiam, esperando a vinda de Cristo, e aqueles que não vigiam. O princípio da separação está graficamente exemplificado aqui. Estando dois no campo, será levado um e deixado o outro (40). A mesma coisa acontecerá com as duas mulheres moendo no moinho (41) - um pequeno moinho manual operado por duas mulheres, como ainda se pode ver na Palestina. Então Jesus faz a seguinte alusão: Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor (42). Este é o ponto principal do Sermão do Monte (cf. 25.13). Vigiai significa, literalmente: “Estejam completamente alertas!” Pois ninguém sabe quando Cristo virá. O versículo 43 contém uma breve parábola. Se o pai de família (oikodespotes, veja

20:1,11) soubesse quando o ladrão viria, vigiaria e estaria à sua espera. Como não sabemos quando Jesus poderá vir, devemos estar sempre preparados (44). Estar preparado a qualquer momento para a volta de Cristo é a primeira responsabilidade de cada cristão.

b) O Servo Fiel e o Servo Infiel (24.45-51). A advertência final deste capítulo é feita

sob a forma de uma breve parábola sobre um servo fiel e prudente (45; um escravo), e um mau servo (48). 0 primeiro se mantém ocupado, cumprindo fielmente as suas tarefas. Assim, ele está preparado para quando o seu Senhor chegar. Mas se o escravo pensar que o seu senhor se atrasará, e começar a se divertir e a

maltratar os seus companheiros, o seu mestre chegará em uma hora em que ele não sabe. O resultado será uma severa punição - ele separa-lo-á (51; literalmente, “dividido em duas partes”) e colocará junto com os hipócritas, onde haverá pranto e ranger de dentes (cf. 8.12; 13.42,50; 22.13; 25.30; Lc 13.28). O castigo eterno é o destino dos infiéis. Maclaren intitula esta seção (42-51) como: “Vigiando à espera do Rei”. Ele observa:

1) A ordem de vigiar, reforçada pela nossa ignorância da ocasião da Sua vinda, 42-44; 2) A imagem e a recompensa de vigiar, 45-47; 3) A imagem e a condenação do servo que não vigiou, 48-51.

B . T rês Parábolas S obre a Prontidão, 2 5 .1 -4 6 O capítulo 25 é normalmente considerado como uma parte do Sermão do Monte das

Oliveiras (cf. 25.13 com 24.42). Somente no texto de Mateus se encontra este material. O capítulo consiste muito claramente de três partes. As duas primeiras são parábolas sobre o Reino. A terceira parte descreve um julgamento, que envolve a linguagem parabólica de ovelhas e bodes.

1. A Parábola das Dez Virgens (25.1-13) Nenhuma história mais impressionante poderia ser contada para exemplificar a

necessidade de estarmos permanentemente preparados para a vinda de Cristo. Jesus usou uma figura familiar, e que é muito íntima dos corações humanos - a de um casamento. Ele descreveu dez virgens (1) que tomaram as suas lâmpadas (em grego, lampas)

e saíram ao encontro do esposo. Cinco delas eram prudentes (2) - isto é, “sábias” ou “cuidadosas com os seus interesses”24 - mas as outras cinco eram loucas (em grego,

morai).25 As prudentes levaram azeite em suas vasilhas (4), mas as loucas não levaram azeite consigo (3). Enquanto o esposo tardava - literalmente “enquanto o tempo passava” - todas as

virgens tosquenejaram e adormeceram (5). O primeiro verbo é aoristo e significa “inclinar a cabeça para frente”. Assim, ele sugere “começar a inclinar a cabeça e cochilar”. O segundo verbo está na forma imperfeita (contínua) e indica que elas continuavam dormindo. A imagem aqui é a de um típico casamento judaico na Palestina. O noivo, acompanhado pelos seus amigos, vai até à casa da noiva, e a leva em uma procissão alegre até à sua própria casa. Na tarde do Natal de 1949 o autor encontrou uma grande procissão nupcial na estrada entre Jerusalém e Amã. Os homens estavam a cavalo, alguns caminhando, e a noiva e as suas damas iam sobre camelos, com grandes cobertas sobre as suas cabeças para impedir que fossem vistas. Trench opina que as virgens “se uniram à procissão em algum ponto conveniente, e

entraram, juntamente com o resto do cortejo nupcial, no salão do banquete”.Por outro  lado, Edersheim diz que a parábola implica que o noivo tinha vindo de muito longe, e estava a caminho da casa da noiva. “Conseqüentemente, a procissão nupcial vai ao encontro do noivo em Sua chegada, para acompanhá-lo até o lugar das bodas.”27 Morison simplesmente comenta que ir ao encontro do esposo significa: “Recebê-lo por ocasião de sua vinda para a sua noiva”.28 Havia dez virgens, uma vez que esse era o número exigido para a cerimônia. Nenhuma noiva é mencionada, pois no ensino espiritual da parábola, as virgens assumem o lugar da noiva. A meia-noite ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo! (6).29 Todas as virgens se levantaram rapidamente e prepararam as suas lâmpadas (7). O verbo grego é kosmeo, do qual deriva “cosmética”, e significa “arrumar, arranjar, preparar” ou “enfeitar, adornar”.30 Elas provavelmente cortaram a parte queimada dos pavios. Não havia nada para limpar. Em desespero, as loucas voltaram-se às prudentes, pedindo azeite: porque as nossas lâmpadas se apagam (8). Mas o texto grego diz claramente “as nossas lâmpadas estão se apagando” - literalmente “estão se extinguindo”. Esta é uma verdade muito mais forte, e um aviso muito mais abrangente. Existem muitos cristãos que ainda não perderam toda a sua vida espiritual, mas cujas lâmpadas estão ficando mais fracas. Eles precisam perceber que estão correndo o risco de ficar nas “trevas exteriores”, assim como as virgens loucas. As virgens prudentes rejeitaram o pedido (9). À primeira vista isto parece egoísmo.

Mas sob o ponto de vista da verdade espiritual que está sendo ensinada aqui, esta atitude era inevitável. Trench interpreta corretamente a intenção deste versículo: “Ele nos diz que todos os homens devem viver pela sua própria fé”.31 A graça de Deus não é transferível de um ser humano para outro. Cada um deve guardar o seu próprio estoque. Mas enquanto as virgens loucas foram comprar mais azeite, o esposo chegou. Aquelas que estavam preparadas, ou apercebidas (a mesma palavra usada em 24.44), entraram com ele para as bodas - o “banquete de casamento” que normalmente durava de uma a três semanas - e fechou-se a porta (10). Isto sugere a advertência solene de que algum dia terminará o período das provações para cada indivíduo. Então a porta do seu destino eterno se fechará para sempre. Não haverá uma segunda oportunidade na próxima vida. Por fim, chegaram as virgens loucas, mas encontraram a porta fechada. Dentro havia luzes, alegria e felicidade; fora, tudo era triste escuridão. As virgens gritaram desesperadas: Senhor, senhor, abre-nos a porta! (11). Mas era tarde demais. O esposo não reconheceu as suas vozes (12) e àquela hora da noite ele não ousaria abrir a porta para estranhos que poderiam ser “desmancha-prazeres”. Qual é o ensino desta parábola? Ele está resumido no versículo 13: Vigiai, pois,

porque não sabeis o Dia nem a hora em que o Filho do Homem há de vir. A parábola nos ensina que devemos estar preparados a qualquer momento para a iminente volta do nosso Senhor, prontos para encontrá-lo quando Ele chegar. Para fazer isso, devemos manter a nossa experiência cristã atualizada. Como o azeite é um exemplo reconhecido do Espírito Santo, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, a sugestão é que devemos estar cheios do Espírito se quisermos estar preparados adequadamente. Todo homem precisa de toda a graça de Deus que lhe estiver disponível, se quiser fazer toda a vontade de Deus e estar preparado para a volta de nosso Senhor Jesus Cristo.

2. A Parábola dos Talentos (25.14-30) Esta parábola é semelhante à parábola das minas (Lc 19.11-28). Em ambas, algum dinheiro é confiado aos servos. Foi narrado o que aconteceu a três deles: os dois primeiros são elogiados e o terceiro é condenado. Mas as diferenças superam as semelhanças, de modo que as duas devem ser consideradas como parábolas diferentes, proferidas em diferentes ocasiões. No texto de Mateus, o Senhor dá a um servo cinco talentos, a outro dois e ao terceiro um, ao passo que no texto de Lucas ele dá uma mina a cada um dos dez servos. As quantias são diferentes, e assim também as recompensas. Ainda assim as duas parábolas transmitem o mesmo ensino, que é o da importância de ser fiel no serviço. Jesus aqui se retrata como sendo um homem que, partindo para fora da terra

(14) - prevendo a sua ascensão aos céus. Este homem confiou o seu dinheiro a três servos, dando a um deles cinco talentos, dois talentos a outro e um talento a outro - a cada um segundo a sua capacidade (15). O talento valia aproximadamente mil dólares. O fato dessa palavra ser atualmente utilizada como uma referência à habilidade pessoal de alguém, dá um sentido adicional à parábola.32 Todos os nossos talentos, dados por Deus, devem ser usados para a sua glória e para o bem da humanidade. O homem que tinha recebido cinco talentos os dobrou (16), assim como aquele que

tinha recebido dois (17). Mas o que tinha recebido um talento cavou um buraco na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor (18). Isto é freqüentemente verdadeiro nos círculos da igreja, nas ocasiões em que uma pessoa pensa que tem somente um talento e o enterra, ao invés de usá-lo na obra do Reino. Quando o senhor (amo) voltou, ele ajustou contas com eles (19). O texto grego

diz, literalmente, “Ele se reuniu com eles para fazer as contas”, isto é, ele “acertou as contas” com eles. A mesma expressão é usada em 18.23, onde é traduzida como “fazer contas”. Provavelmente o passado contábil de Mateus, como coletor de impostos, se reflete em seu uso desta expressão de negócios (synairo logon), que só é encontrada neste Evangelho. Os dois primeiros homens contaram que tinham dobrado os talentos que lhes haviam sido dados (20, 22). Em resposta, o senhor disse exatamente as mesmas palavras de elogio aos dois servos. A recompensa que ele tinha prometido se baseava em fidelidade, não em habilidade. E extremamente significativo que os dois servos tenham sido elogiados por serem bons e fiéis (21, 23), e não por serem capazes e inteligentes. Aqui estão duas virtudes honestas e sólidas que todos nós podemos ter - tanto os pobres quanto os ricos, tanto os que não receberam instrução quanto os intelectuais brilhantes. Estas são as duas únicas coisas que Deus requer de qualquer pessoa - que ela seja boa de caráter e fiel no serviço. O homem que tinha recebido um talento veio com a sua reclamação chorosa e a sua

desculpa tola (24-25). Se ele sabia que o seu senhor era tão exigente, esta era uma razão ainda maior para que tivesse negociado o seu talento e ganhado alguma coisa. Ajuntas onde não espalhaste (24) significa “ajuntar de um lugar onde não se fez a debulha”,33 ou seja, ajuntar no seu celeiro o que veio da debulha de outro homem. A expressão do servo implicava em “obter lucro de onde não se investiu dinheiro”. O idioma francês tem um bom provérbio para os atos deste homem: “Qui s’excuse

s’accuse” (“Aquele que se desculpa, se acusa”). O senhor condenou o servo egoísta, que não tinha feito nada, dizendo que ele era mau e negligente (26). A última palavra significa “ineficiente, preguiçoso, indolente”.34 O homem deveria ter entregado o dinheiro de seu senhor aos banqueiros (27; uma

expressão que só é utilizada no NT). Então o seu “dono” - o termo servo nesta parábola significa “escravo” - teria recebido o seu dinheiro de volta acrescido de juros. O termo grego significa, literalmente, “nascimento” ou “descendência”, mas é utilizado metaforicamente como “juros” (somente aqui e em Lucas 19.23). O Senhor então ordenou que o talento deste homem fosse dado àquele que tinha dez

talentos (28). Como é freqüente que os homens com dez talentos façam, na igreja, o trabalho que um homem de um talento deveria ter feito! Um princípio universal da vida está expresso no versículo 29. O homem que utiliza

os seus muitos talentos sempre ganha mais. Aquele que não os utiliza, os perde. E a tragédia final para o servo inútil são as trevas exteriores onde há pranto e ranger de dentes (30). Enquanto a parábola das dez virgens enfatiza a importância de mantermos a nossa

vida espiritual atualizada, revigorada e plena, a parábola dos talentos mostra a necessidade de sermos fiéis e vigorosos no serviço do Reino. Tudo isto é necessário para que estejamos preparados para o retorno do nosso Senhor. Sob o título “A condenação do talento enterrado”, podemos observar: 1) Deus dá aos

homens diferentes talentos, 14-15; 2) A recompensa do trabalho bem feito é mais trabalho para fazer, 20-23; 3) O homem que é punido é o homem que não tenta, 24-28; 4) A qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que não tiver, até o que tem ser-lhe-á tirado (William Barclay).

3. As Ovelhas e os Bodes (25.31-46) O versículo 31 descreve a Segunda Vinda de Cristo na sua glória, onde Ele se assentará no trono da sua glória. Então Ele agirá como o Juiz. Perante Ele se reunião todas as nações (substantivo neutro) e Ele apartará uns dos outros (masculino, referindo-se aos povos) como o pastor aparta dos bodes as ovelhas (32). Não são as nações que são salvas ou que se perdem, mas sim os indivíduos. A linguagem dos versículos 32 e 33 recorda Ezequiel 34.17. Carr chama a atenção para a estrutura formal dos versículos 34-46. Ele escreve:

“Estes versículos estão construídos de acordo com as regras da poesia hebraica: eles se encaixam em duas divisões, a primeira se estende entre os versículos 34-40, e a segunda entre os versículos 41-46”.35 Deve-se observar que o versículo 34 é paralelo ao 41, e que o 35 e o 36 são paralelos ao 42 e 43; o mesmo ocorre com 37-39 e 44; e com 40 e 45. Também nos versículos 35 e 36 existe um efeito de clímax nas obrigações reconhecidas: “As três últimas são atos voluntários de amor desinteressado”.36 Já houve considerável discussão quanto ao que significa meus... irmãos (40). Alguns afirmam que esta expressão se refere aos judeus e que são as nações gentias que estão sendo julgadas com base no seu tratamento do povo escolhido de Deus. Parece melhor afirmar que, na Encarnação e no seu amor misericordioso por todos os homens, Cristo se refere à humanidade sofredora como meus... irmãos. Ao enfatizar o separatismo, as igrejas evangélicas freqüentemente deixaram de reconhecer as implicações e as aplicações sociais do Evangelho de Jesus Cristo. As obras de misericórdia não são a única coisa em que se baseiam as recompensas e as punições eternas. Mas pode um homem ler essas palavras de Jesus e acreditar que um cristão deva se manter despreocupado e inativo enquanto os seus semelhantes estão passando necessidades? O último versículo deste capítulo tem uma forte implicação teológica. Devemos observar particularmente que eterno (46) e perpétuo são traduções da mesma palavra grega - aionion, “que pertence às eras”. O tormento é tão eterno quanto é a vida. Aquele que acredita na felicidade eterna também precisa acreditar na tristeza eterna. Este parece ser o claro ensino desta passagem. Tasker fez uma boa análise ao conectar os três itens deste capítulo. Ele observa que

é o pecado da omissão, e não o pecado da comissão, que traz a condenação e o castigo eterno. Este é o principal ensino que este capítulo nos transmite. “A porta se fecha para as virgens loucas devido à sua negligência; o servo sem iniciativa é expulso, por não servir para nada, porque não faz nada; e aqueles que es tiverem à sua esquerda serão severamente punidos por deixarem de perceber as muitas oportunidades que lhes foram proporcionadas para demonstrarem bondade.





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